Abyssus abyssum invocat

Talvez o ponto máximo dessa criação seja justamente o entendimento que para uma vida plena basta apenas aceitar que uma vida já é o suficiente.

Abyssus abyssum invocat Abyssus abyssum invocat

Profissão de fé

O peso do crucificado é a medida do sofrimento por todos os seus pecados. Sentia o mundo se distanciar a cada conta rezada pelos seus. Pesava ele cerca de trinta talentos: o peso de Judas.

Profissão de fé Profissão de fé

Três ceguinhas

Escuridão: escuro do escuro do escuro. Preto no preto no preto da etrinidade das turvasnegras seispupilas ocas pareadas para sempre. A pessoa é para aquilo que nasce.

Três ceguinhas Três ceguinhas

ένδοξο θάνατο

Como gados aguardando o momento inclemente do abate estancamos no tempo, talvez esta seja a hora das nossas vidas, o ápice de nossos destinos mortais...

ένδοξο θάνατο ένδοξο θάνατο

Glamour

Da perdição da menina-moça ao claustro vazio da puta-velha, apenas a aceitação de um destino dominus.

Glamour Glamour

21 de maio de 2010

Glamour



Chances desperdiçadas, promessas quebradas e uma vida sobrevivida. E o tempo correu depressa demais enquanto (ela) abria as pernas e arregaçava sua boceta purulenta para aquele velho escroto das segundas-feiras. Da perdição da menina-moça ao claustro vazio da puta-velha, apenas a aceitação de um destino dominus.


Esta é a última vez.
        (- Quando tudo parecia ir tão também.)
Este é o fim derradeiro.
        (- Eu mal tinha começado.)
A minha última chance.
        (- Nunca pude ser eu mesma.)
Minha única ilusão.
        (- eu e você.)


[E o mundo girou. Um flamboyant vermelho no desmantelo da tarde tombou. Um cisne ergueu suas asas e voo. Uma mãe implorou ao filho que não. Uma jovem disse sim. Um garoto entediado achou o que fazer. Lua cheia e lua nova, cada uma a seu tempo. Um carro partiu. Um cigarro acendeu. A inquieta aquietou-se. A amante chorou sozinha. A porta bateu. A visita não apareceu. A cerveja derramou. A torneira pingou na cozinha. Uma prostituta fingiu que gozou.]

Assim ela encarou mais uma noite, enquanto abria as pernas e arregaçava sua boceta purulenta para aquele velho escroto das segundas-feiras. Bem em cima daquele cacete podre e cabeludo ela deixou-se cair num movimento mecânico-espástico, um vai-e-vem-e-vai-e-vem-e-vai-e-vem penetrante a rasgar o vazio pegajoso daquela virgindade - perdida aos doze. Suas coxas, tatuadas de hematomas e arranhões e varizes, sustentavam a vagabunda enquanto ela recitava um gemidogrunhidoadocicado - decorado aos catorze. O pau subia e descia sem dó, enquanto o velho rabujento tossia um esverdeado e macilento catarro ao pé da cama. A carniça do pênis ao se lambuzar naquele aquoso pântano negro era coroada com o licor písceo daquela vagina dilacerada pelos dezoito abortos e quatro filhos perdidos; e emulsificada num suor viscoso sem-fim. Um fedor azedo incensava aquela cela encardida de gozos e catarros e suores. Tudo fedia - sempre - naquela pocilga filha-da-puta. O velho goza quente dentro dela. Agora, como sempre, ele vai querer comê-la por trás, enfiando sua rola grossa e melada em seu cusempregasafolotadocagado. Mais uma noite, mais uma trepada e mais clientes esperando a sua vez de fazê-la ver o que é bom pra quengasafadasemvergonha como ela - aos sessenta.


*   Texto de Roberto W.

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